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Bolsonaro e a dessalinização da água

Publicado: Quarta, 27 de Março de 2019, 11h22 | Última atualização em Quarta, 27 de Março de 2019, 11h22 | Acessos: 416

https://g1.globo.com/natureza/blog/andre-trigueiro/post/2018/12/26/bolsonaro-e-a-dessalinizacao-da-agua.ghtml

 

26/12/2018

No Nordeste brasileiro existem cerca de 3,5 mil pequenas unidades de dessalinização em poços de água salobra — Foto: Reprodução TV Globo

No Nordeste brasileiro existem cerca de 3,5 mil pequenas unidades de dessalinização em poços de água salobra — Foto: Reprodução TV Globo

 

A primeira missão dada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para seu ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, foi buscar em Israel soluções para a seca do Nordeste, como por exemplo, usinas de dessalinização que pudessem tratar a água salobra da região. Busca-se fora do país uma solução que, na verdade, já vem sendo aplicada desde 2004 - com tecnologia nacional chancelada pela Embrapa - e que já resultou na instalação de 244 sistemas de dessalinização no Ceará, 44 na Paraíba, 29 no Sergipe, 10 no Piauí, 68 no Rio Grande do Norte, 45 em Alagoas, e 145 na Bahia.

O Programa Água Doce (PAD), desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente, vai na direção das soluções eficientes e de baixo custo, como vinha sendo também a instalação de cisternas para a coleta de água de chuva nas comunidades que mais se ressentem dos efeitos da estiagem. Resta ainda a finalização das obras de transposição das águas do rio São Francisco e, principalmente, a definição de quem pagará pela manutenção do sistema. Os custos de instalação foram totalmente assumidos pelo governo federal, e os governadores dos Estados beneficiados pela obra deveriam arcar com as demais despesas, mas nada indica que isso vá acontecer. Quem está pagando a conta é a “viúva”, ou seja, todos nós. Caberá ao presidente eleito resolver esse embroglio político que sangra os cofres da União.

Usinas de dessalinização - especialmente as de grande porte como as desenvolvidas em Israel - demandam um consumo elevadíssimo de energia elétrica e um plano de manejo adequado para as toneladas de impurezas removidas no processo. Israel já é parceiro estratégico do Brasil há décadas no compartilhamento de tecnologias inteligentes na área da irrigação, principalmente o gotejamento, que reduziu drasticamente o consumo de água na fruticultura de exportação.

Investir em usinas de dessalinização de grande porte por aqui poderia até ser uma opção se o Brasil esgotasse primeiro outras alternativas, principalmente, a exploração da água de reuso. Transformar a água tratada de esgoto em insumo agrícola, industrial ou até mesmo em água potável é uma alternativa mais barata e absolutamente viável. Hoje o esgoto coletado e tratado é lançado nos corpos hídricos sem qualquer utilidade ou serventia. Dentre as raras exceções, destaca-se o Projeto Aquapolo - maior empreendimento para produção de água de reuso industrial na América do Sul - que transforma esgoto doméstico de São Paulo em água usada por 12 grandes indústrias. O projeto desenvolvido pela Sabesp em parceria com a BRK Ambiental fornece 650 litros de água de reuso por segundo - o suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes - a um preço até 50% mais baixo que o da água potável. Bom para as indústrias, melhor ainda para a Grande São Paulo, que reforça seu estoque de água nos mananciais que abastecem a população.

A Embrapa também desenvolve experiências bem sucedidas de aproveitamento da água de reuso na irrigação de lavouras no Nordeste. O projeto prioriza as culturas que não absorvem os elementos patogênicos presentes no esgoto humano após o tratamento primário, quando se dá apenas a remoção dos sólidos. As plantas que se beneficiam dos nutrientes do esgoto (nitrogênio, fósforo, potássio, etc.) podem ser ingeridas sem riscos para a saúde, e o agricultor ainda economiza na compra de fertilizantes, uma vez que o esgoto cumpre a função de adubar o solo. Apesar do conhecimento construído em torno dessa tecnologia - já empregada em outros países - ela não teria ainda deslanchado por aqui por pressão do setor químico, que comercializa fertilizantes.

Importante dizer que a água de reuso também poderia ser potabilizada e servida sem riscos para a população. Se isso não aconteceu ainda no Brasil - como se vê em Cingapura, Namíbia e nos estados do Texas e da Califórnia, nos Estados Unidos - não é por falta de tecnologia, mas preconceito. Considerando a péssima qualidade dos mananciais que abastecem algumas das principais regiões metropolitanas do Brasil, pode-se dizer que, tecnicamente, já bebemos água de reuso. Mas ainda não há regulamentação que permita a potabilização da água de reuso para consumo humano.

Esta seria uma excelente contribuição do presidente eleito para a gestão dos recursos hídricos no Brasil. Abrir caminho para a água de reuso, manter os programas que levam cisternas e mini usinas de dessalinização no Nordeste, concluir as obras de transposição do São Francisco (definindo as regras que garantirão a resiliência econômica do sistema), e estimular o consumo consciente de água.

Faltou dizer que o maior consumidor de água (no Brasil e no mundo) é a agricultura. É também o setor que mais desperdiça esse precioso recurso. Mas abordaremos isso em uma outra oportunidade.

André Trigueiro — Foto: Arte/G1

 

Sobre o assunto

Bolsonaro anuncia parceria com Israel contra seca no Nordeste

http://www.suassuna.net.br/2018/12/bolsonaro-anuncia-ida-deministro-israel.html

COMENTÁRIOS

Rinaldo dos Santos - Editor Chefe da revista "O Berro"

 

Prezado Dr. João Suassuna,

 

Acho uma vergonha nosso esperado Bolsonaro começar tão ingenuamente seu Governo, tentando "comprar" a credulidade dos sertanejos. Essa credulidade já foi comprada por cisternas plásticas (que derretem sob o calor) e tantos outros "sistemas milagrosos" e - pior!!! - nunca respeitando os ensinamentos acumulados pelos próprios sertanejos. A presidente Dilma preferiu comprar cisternas mexicanas ao invés de prestigiar as cisternas da ASA. Aberrações que deveriam ser esquecidas.

 

Bolsonaro pode embarcar na canoa furada de que "todos os nordestinos são burros" e que a sabença está na Europa, Israel, ou alhures, menos aqui mesmo. Os arautos dessa teoria querem que os "500 anos de Brasil se explodam", desde que eles fiquem com os bolsos bem nutridos pelas gordas comissões que irão receber dos equipamentos, programas, sistemas que virão do exterior. Assim como foi feito com a energia nuclear, com aviões, com a Petrobrás, etc. etc. É uma pena esse acorrentamento ideológico mantido por algumas pessoas da elite brasileira que conseguem sensibilizar o presidente tão aguardado.

 

Acho que é hora - mesmo!!! - de esbravejar. O Brasil precisa quebrar o comando de meia dúzia de "vendilhões do templo" que entregaram a alma aos satanazes do exterior, donos do capital mundial e que não têm qualquer interesse no progresso das pessoas no Brasil. 

 

Parabéns à sua tenacidade de sertanejo, sempre defendendo um melhor amanhã para a região.

 

Rinaldo dos Santos

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