"Integração do Rio São Francisco leva água a município em Pernambuco"
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02/02/2018
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COMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
Apenas um breve comentário sobre o uso das águas do projeto da Transposição, em seu eixo Norte. No meu modo de entender houve um grande equívoco por parte das autoridades responsáveis pela gestão das águas do São Francisco, em relação à divulgação dos benefícios que o projeto da Transposição iria trazer para a população nordestina. As autoridades divulgaram inicialmente, que as águas do Velho Chico seriam utilizadas na promoção da sinergia das principais represas nordestinas e, principalmente, para o atendimento do abastecimento de 12 milhões de pessoas na região Setentrional. Ocorre que, no decorrer da implantação do projeto, permitiram a utilização da água, também, para fins de produção de alimentos, via irrigação, num total desrespeito às possibilidades hídricas de o rio vir a suprir as crescentes demandas existentes no semiárido. O projeto tem dois eixos, o Norte e o Leste, sendo, esse último, de metas muito claras e bem definidas, para o abastecimento de Campina Grande e 18 municípios de seu entorno. Já o eixo Norte, há claras evidências de que suas águas serão utilizadas, também, na produção de alimentos, via irrigação, como bem atestam os produtores rurais entrevistados nesse vídeo. Lembro, apenas, que a água é um bem natural finito, o que exige ações de planejamento no seu acesso e a devida parcimônia no seu uso. Volto a lembrar que após um investimento inicial de cerca de 12 bilhões de reais, as águas da Transposição mal estão chegando na represa de Boqueirão de Cabaceiras, destino final do eixo Leste do projeto, para o abastecimento de Campina. Nesse sentido, é preciso mais prudência na gestão hídrica do Semiárido. Uma vez instalada a crise hídrica na bacia do Rio São Francisco, a prioridade tem que ser voltada ao abastecimento do povo, com águas de boa qualidade e em volumes suficientes para o atendimento de toda demanda regional.
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