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Produção de grãos no oeste da Bahia traz desenvolvimento, mas apresenta problemas

Publicado: Quarta, 19 de Fevereiro de 2020, 17h18 | Última atualização em Quarta, 19 de Fevereiro de 2020, 17h43 | Acessos: 290

Região se consolidou como um dos principais polos agrícolas do país, mas trouxe problemas sociais e ambientais. Uso racional da água para irrigação é desafio. 

Assista a matéria sobre o assunto, no endereço abaixo

https://globoplay.globo.com/v/8248848/ 

Globo Rural – Edição de 05/05/2019

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Colheita de soja no Município de Luiz Eduardo Magalhães (BA).   

COMENTÁRIOS

João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco

Passei 25 anos de minha vida denunciando, entre outras questões, a incapacidade de o Rio São Francisco atender, com os seus volumes, as demandas hídricas de 12 milhões de nordestinos residentes na zona rural do Setentrional, com o projeto da Transposição. Aleguei, durante décadas, que o rio não teria a mínima condição física de cumprir a totalidade das demandas as quais se exigia dele. Caudal de múltiplos e conflituosos usos, o Velho Chico já se encontrava, na minha ótica, no seu limite de fornecimento volumétrico, o que poderia agravar, com essas novas retiradas volumétricas, o seu estado de debilidade hídrica. Nas minhas análises decanas, em caso da insistência de novas retiradas, iriam faltar os volumes necessários ao cumprimento da totalidade do que se estava pretendendo demandar dele! E a prova disso está muito calara: mesmo tendo sido alocados cerca de R$ 12 bilhões, as águas da Transposição não estão abastecendo Campina Grande, por intermédio do Eixo Leste do projeto. A meu ver, o inconsequente uso das águas em sua bacia hidrográfica (notadamente as de subsolo no Alto e Médio São Francisco) tem causado a interrupção dos fluxos de base dos rios, ao ponto de influenciar os regimes de alguns dos principais afluentes do Velho Chico, tornando-os temporários, a exemplo do Verde Grande e do Paracatu. De certo, esse fato tem sido agravado pela exploração descontrolada das águas da região Oeste da Bahia, principalmente as do aquífero Urucuia, trazendo, como consequência, problemas na diminuição das vazões da hidrografia local. Atualmente, existem cerca de 3 milhões e 100 mil hectares explorados com atividades agrícolas (Mapitoba), em cuja área já são irrigados 171 mil hectares. Para quem não sabe, as vazões de base do aquífero Urucuia são responsáveis por mais da metade da vazão do Rio São Francisco que aflui na repesa de Sobradinho. A matéria em questão é enfática e muito clara, ao mostrar a super exploração das águas desse aquífero. O exemplo mostrado na matéria exprime, didaticamente, o potencial hídrico ali explorado, onde em uma única fazenda produtora de Soja e Algodão, existem 28 pivôs centrais, cada equipamento irrigando uma área de 350 ha, sendo o sistema capaz de aspergir, a cada 21 horas (tempo necessário de fechar uma volta completa do pivô) cerca de 15 milhões de litros de água, dando uma ideia precisa do volume descomunal ali praticado. Portanto, são dados de uma única propriedade circunscrita na região de expansão da fronteira agrícola nacional, em cujos módulos irrigados já ultrapassam as 1800 unidades de pivôs centrais em operação. Esses números bem refletem o enorme consumo hídrico existente regionalmente, principalmente dos volumes oriundos do subsolo dos aquíferos, que têm importância marcante na manutenção das vazões de base da hidrografia regional, principalmente aquela concernente ao Rio São Francisco. Volto a lembrar de que a água é um bem natural finito, a sua busca deve ser feita com muito planejamento e o seu uso, com a parcimônia devida.              

 

Saiba mais

Agricultura irrigada gera disputa por água na Bahia

http://www.suassuna.net.br/2020/02/agricultura-irrigada-gera-disputa.html

 

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