Situação volumétrica dos reservatórios das hidrelétricas da CHESF – 05/11/2018

Represa de Sobradinho, BA
Estamos iniciando uma atividade semanal de informação, aos interessados, dos estágios em que se encontram os níveis de acumulações volumétricas dos principais reservatórios da Chesf, na bacia do rio São Francisco. No caso específico da região do Submédio São Francisco - local onde é gerada a maior parte da energia elétrica do Nordeste - os reservatórios, principalmente o de Sobradinho, acumulam água no período de novembro a abril, paradisponibilizarem os volumes acumulados, no processo de regularização das vazões do Velho Chico, no período de maio a outubro. Estamos no dia 05/11/2018, portanto, em período no qual os reservatórios estão na fase deacumulação volumétrica.
05/11/2018
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Reservatório
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Data
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Afluência m³/s
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Defluência m³/s
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Volume atual
(%)
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Volume ano anterior (%)
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Três Marias
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04/11
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232
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196
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32,73
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7,84
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Sobradinho
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04/11
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520
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738
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21,97
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2,66
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Itaparica
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04/11
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790
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634
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24,20
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14,48
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Xingó*
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04/11
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580
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606
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-
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-
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* - Não há percentuais acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu leito, a fio d´água
26/10/2018
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Reservatório
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Data
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Afluência m³/s
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Defluência m³/s
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Volume atual
(%)
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Volume ano anterior (%)
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Três Marias
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24/10
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188
|
298
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32,54
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9,03
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Sobradinho
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24/10
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380
|
743
|
22,70
|
3,27
|
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Itaparica
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24/10
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580
|
577
|
22,71
|
15,38
|
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Xingó*
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24/10
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660
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636
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-
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-
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* - Não há percentuais acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu leito, a fio d´água
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Fonte: Chesf
Fonte: ANA
Sobre o assunto
Reportagens do Jornal da Band tratam das consequências das estiagens nos reservatórios das hidrelétricas do país
COMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
A partir do mês de novembro, dá-se o início do período chuvoso nas regiões do Alto e Médio São Francisco. O rio ainda se encontra com as suas vazões baixas, mas com tendência à elevação. Continuaremos os informes semanais de volumes, obtidos nos postos de observações localizados ao longo de sua bacia; das capacidades das represas de Três Marias, Sobradinho e Boqueirão de Cabaceiras (fonte de abastecimento de Campina Grande), bem como da situação volumétrica das principais represas geradoras de energia do País.
Como o início do período chuvoso na bacia do São Francisco, as vazões do rio se encontram em fase de elevação. Com isso, as represas existentes na calha do rio tendem ao aumento de suas capacidades, mas de forma lenta e gradual. Três Marias, por exemplo, está com uma afluência de 232 m³/s (na semana passada estava em 188 m³/s) e uma defluência de 196 m³/s (na semana passada estava em 298 m³/s). Esse balanço volumétrico resultou na elevação do percentual de sua capacidade para 32,73%. Na semana anterior Três Marias estava em 32,54%. Um aumento de 0,19% em uma semana.
A afluência de Sobradinho subiu para 520 m³/s (na semana anterior era de 380 m³/s). A defluência da represa voltou a se estabilizar no patamar de 738 m³/s (na semana anterior era de 743 m³/s). Nas condições atuais de gestão hídrica, Sobradinho vem depreciando o percentual de sua capacidade volumétrica. Atualmente, a represa está com 21,97% (na semana anterior estava com 22,70%). Portanto, uma diminuição de 0,73% em uma semana.
Francisco de Assis Pereira, membro do movimento Carta de Morrinhos, registra o início das primeiras chuvas na bacia do Rio São Francisco (ver nas imagens abaixo).
O percentual das capacidades dos reservatórios das regiões Centro Oeste/Sudeste (os mais importantes do País em termos de geração elétrica) caiu mais um pouco, estando atualmente em 19,83 – 04/11/2018. Na semana anterior era de 20,54 – 24/10/2018 (dados ONS). Caiu, portanto, 0,71% em uma semana, e as tarifas de energia continuam sendo cobradas fazendo-se uso da “bandeira vermelha”.
Na Paraíba, o abastecimento de água de Campina Grande voltou à normalidade. Os reparos nos açudes de Poções e Camalaú, que recebem as águas da transposição, foram concluídos. Apesar da conclusão das obras, as águas do Rio São Francisco estão abastecendo o açude de Poções com baixa intensidade volumétrica. Segundo informações do poder público, a vazão encontra-se diminuta naquele açude, o que provocará, fatalmente, atrasos na chegada das águas do São Francisco no açude de Boqueirão de Cabaceiras. Segundo previsões otimistas das autoridades, as águas do Velho Chico chegarão à represa de Boqueirão, no ano vindouro. A represa de Boqueirão encontra-se, no momento, em processo de depreciação volumétrica, em consequência da diminuição das chuvas na bacia do rio Paraíba e da insuficiência de vazões da Transposição para o interior da represa. Segundo a Aesa, na semana (05/11), o percentual volumétrico total de Boqueirão é de cerca de 25,69% (na semana anterior era de 26,40%). Portanto, houve uma queda percentual em sua capacidade de cerca de 0,71%, em uma semana. Quando descontados, daquele total, o percentual equivalente ao volume morto da represa (8,20%), Boqueirão totaliza um volume útil de apenas 17,49%. Um volume que preocupa para o atendimento das demandas hídricas de uma população estimada em cerca de 800 a um milhão de pessoas (a população de Campina Grande e mais 18 municípios de seu entorno).
Prevendo o quadro de instabilidade volumétrica da represa de Boqueirão, o Dnocs interrompeu parcialmente a sua defluência, em direção à represa de Acauã, estando esta atualmente em cerca de 0,4 m³/s. Acauã encontra-se com percentual volumétrico total de cerca de 8,77% (05/11). Na semana anterior era de 9,03%. Houve, portanto, uma queda no percentual acumulado da represa de cerca de 0,26%, em uma semana. Quando descontados daquele total, o percentual equivalente ao seu volume morto (8,00%), Acauã perfaz um volume útil de apenas 0,77% (na semana anterior era de 1,03%), para o atendimento das demandas hídricas de 14 municípios do Estado.
Em relação ao Eixo Norte do projeto, começou a fase de testes de bombeamento, tendo havido, na semana de 24/08, alguns vazamentos em trechos do canal próximos a Salgueiro (PE), o que exigiu, por parte do poder público, medidas para a solução do problema. Atualmente, os testes foram interrompidos e o projeto encontra-se paralisado naquele setor.
A exploração descontrolada das águas subterrâneas em aquíferos do Rio São Francisco (Urucuia e outros), bem como de usos indevidos de suas águas (furtos e desvios para outros fins) têm, também, interferido nas reduções volumétricas do rio, exigindo das autoridades a realização de um estudo para melhor avaliação desses desequilíbrios hídricos, que tanto têm interferido na vida das populações do semiárido. Esse estudo comprovou que o Velho Chico perdeu volumes nos últimos anos
Com as chuvas caídas no decorrer da semana, houve um discreto aumento nas vazões no rio em sua parte Alta. A seguir, são informados os volumes que fluíram nos postos de observações volumétricas existentes entre Três Marias e a foz do Velho Chico, na semana em curso (05/11). Na UHE de Três Marias, que na semana passada estava em 298m³/s, nessa semana caiu para 196 m³/s. No posto de São Romão, que na semana anterior estava com 631 m³/s, na atual caiu para 622 m³/s; no de São Francisco, que na semana anterior estava com 690 m³/s, na atual caiu para 685 m³/s; no de Bom Jesus da Lapa, que na semana anterior estava com 541 m³/s, na atual subiu para 870 m³/s; no posto de Morpará, que na semana anterior estava com 520 m³/s, nessa semana subiu para 861 m³/s; no posto de Juazeiro, que na semana passada estava com 797 m³/s, na atual subiu para 802 m³/s e em Propriá, que na semana anterior estava com 715 m³/s, na atual caiu para 658 m³/s.
Abaixo, as informações dos postos de mensuração de vazões do rio, sob a responsabilidade da Chesf, a fim de que se tenha uma ideia dos volumes afluentes na represa de Sobradinho nos próximos dias, bem como as vazões no Submédio e Baixo São Francisco:
Dia 05/11: UHE Três Marias (controle das defluências de Três Marias) 196 m³/s; São Romão – 622 m³/s; São Francisco – 685 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 870 m³/s e Morpará – 861 m³/s; Juazeiro (controle das defluências de Sobradinho) 802 m³/s; Propriá (controle das defluências de Xingó) 658 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 26/10: UHE Três Marias (controle das defluências de Três Marias) 298 m³/s; São Romão – 631 m³/s; São Francisco – 690 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 541 m³/s e Morpará – 520 m³/s; Juazeiro (controle das defluências de Sobradinho) 797 m³/s; Propriá (controle das defluências de Xingó) 715 m³/s. (dados da Chesf)
Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa, Morpará, Juazeiro e Propriá, de maio de 2018 a outubro de 2018.
Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de novembro de 2017 a abril de 2018.
Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de maio de 2017 a outubro de 2017.
Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de novembro de 2016 a abril de 2017.
Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de junho a outubro de 2016.
Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de fevereiro a maio de 2016.
Comportamento das vazões do Rio São Francisco ao longo dos anos
2012
2013
2014
2015
2016
2017


E as chuvas começam a cair. Vamos acompanhar!
Francisco de Assis Pereira (Pereira Bode Velho) – Membro do movimento Carta de Morrinhos – 27/10/2018
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