
Represa de Sobradinho, BA
Estamos iniciando uma atividade semanal de informação, aos interessados, dos estágios em que se encontram os níveis de acumulações volumétricas dos principais reservatórios da Chesf, na bacia do rio São Francisco. No caso específico da região do Submédio São Francisco - local onde é gerada a maior parte da energia elétrica do Nordeste - os reservatórios, principalmente o de Sobradinho, acumulam água no período de novembro a abril, paradisponibilizarem os volumes acumulados, no processo de regularização das vazões do Velho Chico, no período de maio a outubro. Estamos no dia 28/09/2018, portanto, em período no qual os reservatórios estão numa fase dedisponibilização volumétrica.
28/09/2018
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Reservatório
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Data
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Afluência m³/s
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Defluência m³/s
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Volume atual
(%)
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Volume ano anterior (%)
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Três Marias
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27/09
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121
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278
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35,63
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13,82
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Sobradinho
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26/09
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320
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738
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25,92
|
5,23
|
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Itaparica
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26/09
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680
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600
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21,05
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17,19
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Xingó*
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26/09
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580
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607
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-
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-
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21/09/2018
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Reservatório
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Data
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Afluência m³/s
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Defluência m³/s
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Volume atual
(%)
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Volume ano anterior (%)
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Três Marias
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20/09
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53
|
276
|
36,43
|
15,08
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Sobradinho
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20/09
|
320
|
712
|
26,78
|
5,96
|
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Itaparica
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20/09
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510
|
586
|
20,68
|
16,65
|
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Xingó*
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20/09
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620
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632
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-
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-
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Fonte: Chesf
Fonte: ANA
COMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
O período é de estiagem na bacia do Rio São Francisco. As vazões do rio encontram-se baixas. Iremos nos limitar a informar, doravante, os seus volumes nos postos de observações volumétricas; as capacidades das represas de Três Marias, Sobradinho e Boqueirão de Cabaceiras (fonte de abastecimento de Campina Grande), bem como a situação volumétrica das principais represas geradoras de energia do País.
Como o período é de estiagem na bacia do São Francisco, as vazões do rio estão em fase de declínio, com tendência à estabilização em patamares muito baixos. Com isso, as represas existentes na calha do rio tendem à redução de suas capacidades. Três Marias, por exemplo, está com uma afluência de 121 m³/s (na semana passada estava em 53 m³/s) e uma defluência de 278 m³/s (na semana passada estava em 276 m³/s). Esse balanço volumétrico resultou na redução do percentual de sua capacidade acumulada, para 35,63%. Na semana anterior Três Marias estava em 36,43%. Uma redução de 0,80% em uma semana.
A afluência de Sobradinho permaneceu em 320 m³/s (na semana anterior era de 320 m³/s). A defluência da represa voltou a se estabilizar no patamar de 738 m³/s (na semana anterior era de 712 m³/s). Nas condições atuais de gestão hídrica, a represa vem depreciando o percentual de sua capacidade volumétrica. Atualmente, Sobradinho está com 25,92% (na semana anterior estava com 26,78%). Portanto, uma diminuição de 0,86% em uma semana.
O percentual das capacidades dos reservatórios das regiões Centro Oeste/Sudeste (os mais importantes do País em termos de geração elétrica) caiu mais um pouco, estando atualmente em 23,75% - 26/09/2018. Na semana anterior era de 24,75% -19/09/2018 (dados ONS). Caiu 1% em uma semana, e as tarifas de energia estão sendo cobradas fazendo-se uso da “bandeira vermelha”.
Na Paraíba, o abastecimento de água de Campina Grande voltou à normalidade, mesmo com a interrupção dos bombeamentos da Transposição em direção à represa de Boqueirão de Cabaceiras, devido à necessidade de reparos no Eixo Leste do Projeto. A população campinense tem reclamado de alteração no odor das águas que estão sendo servidas, e o poder local tem investigado os motivos disso. As últimas informações sobre as obras do canal, recebidas das autoridades, dão conta de que, mesmo com os reparos em andamento, os açudes de Poções e Camalaú já têm condições de receber as águas da Transposição. Os bombeamentos no São Francisco em direção a Boqueirão foram reiniciados, mas tiveram de ser novamente interrompidos, por conta de vazamentos havidos no canal. Boqueirão encontra-se, no momento, em processo de depreciação volumétrica, em consequência da diminuição da intensidade das chuvas na bacia do rio Paraíba e da interrupção dos bombeamentos daquele projeto para o interior da represa. Segundo a Aesa, na semana (28/09), o percentual volumétrico total da represa é de cerca de 28,09% (na semana anterior era de 28,53%). Portanto, houve uma queda percentual na sua capacidade de cerca de 0,44%, em uma semana. Quando descontados, daquele total, o percentual equivalente ao volume morto da represa (8,20%), Boqueirão totaliza um volume útil de apenas 19,89%. Um volume que preocupa para o atendimento das demandas hídricas de uma população estimada de cerca de 800 a um milhão de pessoas (a população de Campina Grande e mais 18 municípios de seu entorno. Na atual semana, a população campinense demonstrou preocupação com a situação volumétrica de Boqueirão, em razão da volta dos racionamentos de água no entorno de Campina Grande.
Prevendo a instabilidade volumétrica da represa de Boqueirão, o Dnocs interrompeu parcialmente a sua defluência, em direção à represa de Acauã, estando esta em cerca de 0,4 m³/s. Acauã encontra-se atualmente com percentual volumétrico total de cerca de 9,95% (28/09). Na semana anterior era de 10,15%. Houve, portanto, uma queda no percentual acumulado da represa de cerca de 0,20%, em uma semana. Quando descontados daquele total, o percentual equivalente ao seu volume morto (8,00%), Acauã perfaz um volume útil de apenas 1,95% (na semana anterior era de 2,15%), para o atendimento das demandas hídricas de 14 municípios do Estado.
Tendo em vista as instabilidades existentes nas afluências e defluências da represa de Boqueirão de Cabaceiras, cremos que é chegada a hora de o poder público adotar medidas restritivas de defluências, à represa de Acauã, bem como de iniciar campanha junto à população, visando à economia de água dos campinenses. Essas medidas são importantes para evitar a volta dos racionamentos em Campina Grande, e tentar impedir, a todo custo, que o reservatório de Boqueirão retorne ao regime de volume morto. Resultado de trabalho de pesquisa do Hospital Universitário de Campina Grande, essa semana, deu conta de ter havido a possibilidade de influência da qualidade das águas de Boqueirão, na ocorrência de doenças gástricas na população campinense. Mesmo com a redução dos volumes de Boqueirão, Aesa garante que está tudo normalizado.
Em relação ao Eixo Norte do projeto, começou a fase de testes de bombeamento, tendo havido, na semana de 24/08, alguns vazamentos em trechos do canal, próximos a Salgueiro (PE), o que exigiu, do poder público, medidas para a solução do problema. Atualmente, os testes foram interrompidos e o projeto encontra-se paralisado naquele trecho.
A exploração descontrolada das águas subterrâneas em aquíferos do Rio São Francisco (Urucuia e outros), bem como de usos indevidos de suas águas (furtos e desvios para outros fins) têm, também, interferido nas reduções volumétricas do rio. Houve mudanças na proibição de retirada de água do Velho Chico para o agronegócio, às quartas-feiras. As retiradas passaram a ser quinzenais. Essas estratégias de retiradas das águas do rio, para o agronegócio, aliadas aos baixos volumes nas defluências em Sobradinho e Três Marias, dão a dimensão dos sérios problemas hídricos existentes na bacia do Velho Chico, o que exigiu por parte das autoridades, a prorrogação dessa proibição em caso de necessidade.
As vazões do Rio São Francisco no trecho até Sobradinho estão se estabilizando em volumes muito baixos. A seguir, são informados os volumes que fluíram nos postos de observações volumétricas existentes nesse trecho, na semana em curso (28/09). Na UHE de Três Marias, que na semana passada estava em 276 m³/s, nessa semana subiu para 278 m³/s. No posto de São Romão, que na semana anterior estava com 429 m³/s, na atual subiu para 479 m³/s; no de São Francisco, que na semana anterior estava com 349 m³/s, na atual subiu para 354 m³/s; no de Bom Jesus da Lapa, que na semana anterior estava com 468 m³/s, na atual subiu para 490 m³/s; no posto de Morpará, que na semana anterior estava com 483 m³/s, nessa semana subiu para 492 m³/s; no posto de Juazeiro, que na semana passada estava com 774 m³/s, na atual subiu para 783 m³/s e em Propriá, que na semana anterior estava com 701 m³/s, na atual subiu para 718 m³/s.
Abaixo, as informações dos postos de mensuração de vazões do rio, sob a responsabilidade da Chesf, a fim de que se tenha uma ideia dos volumes afluentes na represa de Sobradinho, nos próximos dias:
Dia 28/09: UHE Três Marias (controle das defluências de Três Marias) 278 m³/s; São Romão – 479 m³/s; São Francisco – 454 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 490 m³/s e Morpará – 492 m³/s; Juazeiro (controle das defluências de Sobradinho) 783 m³/s; Propriá (controle das defluências de Xingó) 718 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 21/09: UHE Três Marias (controle das defluências de Três Marias) 276 m³/s; São Romão – 429 m³/s; São Francisco – 349 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 468 m³/s e Morpará – 483 m³/s; Juazeiro (controle das defluências de Sobradinho) 774 m³/s; Propriá (controle das defluências de Xingó) 701 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 14/09: UHE Três Marias (controle das defluências de Três Marias) 275 m³/s; São Romão – 410 m³/s; São Francisco – 337 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 476 m³/s e Morpará – 531 m³/s; Juazeiro (controle das defluências de Sobradinho) 730 m³/s; Propriá (controle das defluências de Xingó) 718 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 10/09: UHE Três Marias (controle das defluências de Três Marias) 268 m³/s; São Romão – 414 m³/s; São Francisco – 341 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 487 m³/s e Morpará – 505 m³/s; Juazeiro (controle das defluências de Sobradinho) 747 m³/s; Propriá (controle das defluências de Xingó) 679 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 31/08: UHE Três Marias (controle das defluências de Três Marias) 267 m³/s; São Romão – 425 m³/s; São Francisco – 366 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 505 m³/s e Morpará – 531 m³/s; Juazeiro (controle das defluências de Sobradinho) 721 m³/s; Propriá (controle das defluências de Xingó) 704 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 24/08: UHE Três Marias (controle das defluências de Três Marias) 266 m³/s; São Romão – 429 m³/s; São Francisco – 380 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 520 m³/s e Morpará – 544 m³/s; Juazeiro (controle das defluências de Sobradinho) 721 m³/s; Propriá (controle das defluências de Xingó) 679 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 17/08: UHE Três Marias (controle das defluências de Três Marias) 270 m³/s; São Romão – 445 m³/s; São Francisco – 403 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 509 m³/s e Morpará – 523 m³/s; Juazeiro (controle das defluências de Sobradinho) 712 m³/s; Propriá (controle das defluências de Xingó) 701 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 10/08: UHE Três Marias (controle das defluências de Três Marias) 269 m³/s; São Romão – 429 m³/s; São Francisco – 371 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 501 m³/s e Morpará – 531 m³/s; Juazeiro (controle das defluências de Sobradinho) 712 m³/s; Propriá (controle das defluências de Xingó) 712 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 03/08: UHE Três Marias (controle das defluências de Três Marias) 267 m³/s; São Romão – 425 m³/s; São Francisco – 366 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 505 m³/s e Morpará – 531 m³/s; Juazeiro (controle das defluências de Sobradinho) 721 m³/s; Propriá (controle das defluências de Xingó) 696 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 27/07: UHE Três Marias (controle das defluências de Três Marias) 248 m³/s; São Romão – 421 m³/s; São Francisco – 366 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 505 m³/s e Morpará – 531 m³/s; Juazeiro (controle das defluências de Sobradinho) 721 m³/s; Propriá (controle das defluências de Xingó) 688 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 23/07: São Romão – 421 m³/s; São Francisco – 366 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 512 m³/s e Morpará – 538 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 13/07: São Romão – 410 m³/s; São Francisco – 349 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 505 m³/s e Morpará – 538 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 06/07: São Romão – 414 m³/s; São Francisco – 364 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 516 m³/s e Morpará – 540 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 29/06: São Romão – 417 m³/s; São Francisco – 366 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 501 m³/s e Morpará – 546 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 25/06: São Romão – 406 m³/s; São Francisco – 358 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 512 m³/s e Morpará – 546 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 15/06: São Romão – 417 m³/s; São Francisco – 384 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 535 m³/s e Morpará – 569 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 08/06: São Romão – 429 m³/s; São Francisco – 403 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 542 m³/s e Morpará – 573 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 04/06: São Romão – 417 m³/s; São Francisco – 393 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 557 m³/s e Morpará – 594 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 25/05: São Romão – 429 m³/s; São Francisco – 440 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 501 m³/s e Morpará – 546 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 18/05: São Romão – 373 m³/s; São Francisco – 341 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 432 m³/s e Morpará – 554 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 11/05: São Romão – 359 m³/s; São Francisco – 316 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 542 m³/s e Morpará – 610 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 04/05: São Romão – 387 m³/s; São Francisco – 403 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 609 m³/s e Morpará – 680 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 27/04: São Romão – 441 m³/s; São Francisco – 502 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 739 m³/s e Morpará – 890 m³/s. (dados da Chesf)
Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de novembro de 2017 a abril de 2018.
Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de maio de 2017 a outubro de 2017.
Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de novembro de 2016 a abril de 2017.
Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de junho a outubro de 2016.
Comportamento das vazões do Rio São Francisco, nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de fevereiro a maio de 2016.
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