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Água contaminada afeta quase 60% dos pacientes com doenças gástricas em Campina Grande

Publicado: Terça, 25 de Setembro de 2018, 09h31 | Última atualização em Quinta, 20 de Dezembro de 2018, 21h38 | Acessos: 385
Resultado é de uma pesquisa realizada no Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC) e divulgada na manhã desta quinta-feira (20).

Por G1 PB

20/09/2018

 Pesquisa foi realizada no Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC), em Campina Grande, e divulgada na manhã desta quinta-feira (20) — Foto:  Leonardo Silva/Jornal da Paraíba
Pesquisa foi realizada no Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC), em Campina Grande, e divulgada na manhã desta quinta-feira (20) — Foto: Leonardo Silva/Jornal da Paraíba

Quase 60% dos pacientes com doenças gástricas foram afetadas por um contaminante da água em Campina Grande. O resultado é de uma pesquisa realizada no Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC) e divulgada na manhã desta quinta-feira (20). De acordo com a unidade de saúde, o estudo considerou pacientes que moram na cidade.
Após análise na instituição, o estudo revelou que 59,8% dos pacientes com queixas gástricas tiveram biópsias positivas para a presença do Helicobacter pylori (H.P.) - um contaminante microbiológico da água e o principal agente patogênico associado a doenças do estômago em humanos.
Das 759 pessoas atendidas com queixas gástricas em Campina Grande, a pesquisa avaliou 200 pacientes que foram submetidos a endoscopia digestiva, seguida de biópsias gástricas. De acordo com os resultados, entre as mulheres - que representaram 72,5% (145/200) dos participantes - aproximadamente 59,8% (120/200) das amostras foram positivas para H.P. com base em exames histológicos.
De acordo com o pesquisador, Irigrácin Lima Diniz Basílio, o estudo revelou que a prevalência da infecção pela bactéria H.P. foi maior na população que utilizava água não mineral. “A ausência de um estudo epidemiológico na Paraíba sobre a infecção pelo Helicobacter pylori e a alta prevalência dessa bactéria detectada em estudos nacionais despertaram o interesse pela pesquisa”, conta o médico.
Ainda segundo a pesquisa, a taxa de prevalência de H. pylori foi alta em pacientes com distúrbios estomacais, sendo associada também à gravidade da gastrite. “Isso eleva a consciência da necessidade de melhorar a água não tratada da cidade como uma intervenção primária para diminuir a infecção por esse tipo de bactéria”, explica Irigrácin Basílio.

Tratamento e orientação

O médico diz que, na observação diária dos pacientes, sempre existem pessoas infectadas pela bactéria H.P. em consultas ambulatoriais e que necessitam de tratamento, além de orientação sobre cuidados higiênicos e sanitários. “Apesar de haver associação entre o consumo de água e a infecção, ainda são necessários estudos analíticos da água para a comprovação dessa relação em Campina Grande”, afirma.

O estudo é resultado de um doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A tese foi defendida por Irigrácin Lima Diniz Basílio, que é professor da disciplina de Gastroenterologia na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e atua no ambulatório do HUAC - instituição vinculada à UFCG e à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Sobre o assunto
Saga do abastecimento de Campina Grande: Síntese das principais matérias editadas na mídia, sobre as questões hídricas dos campinenses
COMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco

Em 2016, publiquei um artigo no EcoDebate intitulado, “A questão hídrica atual do Nordeste seco”, no qual, dentre outras questões, abordei o assunto do acometimento de  doenças em populações abastecidas com águas de má qualidade. Nesse artigo, me referia às águas do Rio São Francisco, quando utilizadas para fins de abastecimento humano. Ao ler a matéria do G1 PB, me deparo com uma situação que já vinha tratando como certa, nas minhas atividades profissionais diárias. Segundo a matéria, cerca de 60% dos pacientes com doenças gástricas, em Campina Grande, foram afetados com algum contaminante existente nas águas ali servidas. Ora, a principal fonte de abastecimento dos campinenses é o açude de Boqueirão de Cabaceiras, o qual foi alimentado, recentemente, com as águas do Santo Chico, por intermédio do projeto da Transposição. Uma coincidência muito grande, que eu particularmente não gostaria que tivesse ocorrido. Mas o fato é que ela ocorreu, e o assunto é grave! Quando um projeto dessa envergadura apresenta problemas técnicos, os engenheiros e profissionais da área vão lá e resolvem esses problemas. Mas no caso de surtos de doenças em populações, ocasionados por vetores veiculados pela água que está sendo ofertada, a questão muda de figura e precisa ser encarada sob outra ótica, porque, no caso, estão em jogo vidas humanas. A questão de Boqueirão é agravada, ainda, pela existência de denúncias de fortes odores de esgotos e de sabores estranhos em suas águas, o que nos leva a concluir pela possibilidade de que as águas do Rio São Francisco já possam ter alguma influência nesse quadro. Creio que acendeu a luz amarela para que as autoridades comecem a tomar as providências necessárias, na condução desse assunto, tendo em vista a possibilidade do agravamento da situação. A região está fora de sua quadra chuvosa, o projeto da Transposição está momentaneamente paralisado, devido a reparos no Eixo Leste do projeto, e a represa continua enviando água para Acauã (açude localizado a sua jusante) e, todo esse processo, juntamente com a intensa evaporação existente no espelho d´água de Boqueirão, tende ao aumento da concentração de poluentes no interior da represa. É preciso celeridade para a solução desses problemas, a fim de que os campinenses possam voltar à normalidade de suas vidas.
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