Professor da UPE rebate críticos do projeto de usina nuclear em Itacuruba (PE)
As Cassandras antinucleares
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Blog do Jamildo
14/10/2019
Foto EBC
Sobre o assunto
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COMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
Em 2011, na qualidade de instituição integrante do Fórum Interdisciplinar de Defesa da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, em Pernambuco, a Fundação Joaquim Nabuco indicou o meu nome como seu representante na Audiência Pública ocorrida no município de Itacuruba, PE, que tratou da instalação, naquele município, de uma usina termonuclear. Á época, o referido município havia sido escolhido pelo governo Dilma, por dispor de uma população reduzida, de apenas 4.500 habitantes, que facilitava uma rápida evacuação desse contingente populacional, em caso de acidente nuclear; de atender aos requisitos de instalação de uma unidade geradora dessa natureza, tais como, estar próximo a linhas de transmissão de energia da Chesf, de ter água em abundância (o Rio São Francisco) para a refrigeração dos equipamentos nucleares, e de ter área próxima suficiente para depósito de resíduos atômicos (lixo) gerados na atividade nuclear. Quando das falas dos convidados participantes do evento, nos limitamos a dar esclarecimentos sobre a necessidade da qualificação dos trabalhadores nesse setor, cuja especialização é mais do que necessária para o atendimento das ações e demandas existentes na geração, específicas à área nuclear, não sendo a população de Itacuruba que iria suprir tais requisitos; a criticar o local para estoques do lixo atômico, dada a riqueza de biodiversidade, tanto de animais como de espécie vegetais da caatinga, existente no Raso da Catarina, e de listar alternativas de geração limpa e em expansão na região, a exemplo das energias eólica e solar. As discussões da instalação de usinas nucleares no Nordeste, de certa forma haviam sido desaquecidas perante os governos subsequentes ao governo Dilma, devido aos acidentes ocorridos em Chernobyl e Fukushima e também com o desinteresse na instalação de novas unidades nucleares, apresentado por alguns países detentores dessa tecnologia, a exemplo da própria Alemanha, que estava em negociações, com o Brasil, na instalação de novas unidades termonucleares no Noredeste. Agora, com o recrudescimento dessa questão, é preciso que se discuta com mais clareza esses questionamentos técnicos aqui levantados, para que não parem dúvidas e nem voltem a ocorrer maus exemplos, como o da Transposição do rio São Francisco, cuja vontade política sempre esteve acima das possibilidades técnicas de se implementar o desenvolvimento da região, resultando, com isso, na criação problemas de difícil solução na bacia do rio, onde já se aplicou cerca de 12 bilhões de reais no projeto e a água não tem chegado para o abastecimento de Campina Grande.
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